Hoje quero registrar aqui mais uma conquista na minha vida profissional. No último sábado, dia 8 de novembro, fui agraciado com o Prêmio Braskem de Jornalismo, na categoria Fotografia, cuja página já publiquei no post anterior. Ela estava em um dos dois cadernos especiais sobre a saúde pública em Alagoas, veiculados na Gazeta de Alagoas, jornal onde eu trabalho há nove anos.
Durante duas madrugadas, eu e o repórter Erick Balbino, jovem jornalista, fomos às ruas para elaborar o material. Encontramos situações bem tristes. Pessoas que passam a noite em filas, na esperança de conseguir marcar uma consulta, que costuma durar meses para acontecer. Além disso, nos deparamos com servidores amedrontados por sofrerem pressão de superiores. A ordem é calar e não falar sobre as mazelas que enfrentam todos os dias. De repente, um país que se propõe a ser um expoente de desenvolvimento perante o mundo revela uma face que mais parece saída de séculos atrás. Faltam médicos, remédios, equipamentos e direito à informação.
Segue a abertura do caderno, com um trecho do texto do jornalista Maurício Gonçalves, coordenador do projeto, baseado na foto premiada.
"A grade do minipronto-socorro do Benedito Bentes separa dois mundos, entre a vida e a prisão do SUS. Do lado de cá, somos nós, fora do jornal. Do lado de lá, os olhos do paciente exausto refletem o sofrimento de anos de luta contra a doença mal tratada que mutila aos poucos. Vão-se os dedos, os pés, as pernas e o paciente vai desaparecendo. Ficam os anéis da corrupção, negligência, burocracia e de tudo o que não presta na rede pública de Alagoas. O destino pode ser a cadeira ao lado, vazia, onde o enfermo invisível também sumiu, perdeu-se nas estatísticas e virou etiqueta de saco cadavérico".
Resta-nos a alegria da conquista do prêmio e a esperança de que, em um futuro próximo, não será mais necessário escrever matérias assim.
Abraço!